A dançarina de Odissi Marília Soares, da Unicamp |
Foi realizado ontem, 9 de agosto de 2014, uma véspera do dia dos pais, o terceiro encontro anual de 2014 do Núcleo Granja Viana da Fundação Campbell.
Tivemos o prazer de ouvir Marília Soares falar sobre a parte II do livro As Máscaras de Deus -- Mitologia Oriental (Editora Palas Athena).
Para abordar as Mitologias da Índia, Marília abordou sua própria relação com o país e a
Ganexa, um deus popular da Índia |
Marília lembra que os contatos com o país sempre foram muito difíceis, e que foi graças a pioneiras como Silvana Duarte e Sonia Galvão que estas barreiras foram sendo superadas. "Na década de 1970, por exemplo, por motivos políticos vários indianos quiseram emigrar para o Brasil, mas na época o governo militar não endossou os pedidos e uma comunidade indiana grande acabou sendo formada no Canadá."
Um ponto importante do livro é a diferença apontada pelo mitólogo estadunidense sobre as visões cosmogônicas do Oriente e do Ocidente:
(...) nota-se no Ocidente, de acordo com nossa ênfase
característica na dignidade da vida individual − para cada alma um nascimento,
uma morte, um destino, uma maturação da personalidade − que, seja no céu, no
purgatório ou no inferno, o visitante visionário logo reconhece os falecidos .(...)
No Oriente não há tal continuidade da personalidade. O centro da atenção não é
o indivíduo, mas a mônada (...), à qual não pertence intrinsecamente nenhuma
individualidade, mas que passa adiante, como um navio através das ondas, de uma
personalidade para outra: ora larva, ora deus, demônio, rei ou alfaiate (CAMPBELL,
2008, 196).
Enquanto o típico herói ocidental é uma personalidade e, por
isso, necessariamente trágico, condenado a ver-se enredado seriamente na agonia
e mistério da temporalidade, o herói oriental é a mônada: sem caráter em
essência, uma imagem de eternidade, intocada pelos envolvimentos ilusórios da
esfera mortal ou liberta deles. E da mesma forma que no Ocidente a orientação
para a personalidade se reflete no conceito e experiência até de Deus como uma
personalidade, no Oriente, em total oposição, a compreensão dominante de uma
lei absolutamente impessoal permeando e harmonizando todas as coisas reduz o
acidente de uma vida individual a um mero borrão. (CAMPBELL, 2008, 196-197).
Dezoito pessoas participaram do encontro |
O minivídeo do evento pode ser acessado aqui.
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