Encontro de Verão com Jorge Miklos reúne 30 participantes


Os trinta participantes do encontro realizado em 16 de novembro de 2013
Duas tradições monoteístas que têm perspectivas diferentes: a cristã, iniciada no século I, a partir do ano 33 da era presente, e a islâmica, no século VII, que começa com a égira em 622. Foi sobre este universo e suas implicações para o mundo contemporâneo que o historiador Jorge Miklos discorreu no Encontro de Verão do Núcleo Granja Viana (SP), realizado no sábado 16 de novembro de 2013.

O Professor Doutor Jorge Miklos, do PPGCC da Unip
A palestra foi baseada na Parte IV -- A Idade das Grandes Crenças -- do livro As Máscaras de Deus, Mitologia Ocidental, do mitólogo estadunidense Joseph Campbell (1904-1987). A partir deste texto-base, o docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Paulista (Unip) e do curso de História da Faculdades Integradas de Ciências Humanas, Saúde e Educação de Guarulhos (FG), de São Paulo, lembrou que até o Concílio de Niceia, realizado em 325 a.C., havia não apenas um cristianismo, mas cristianismos. Foi neste momento que foram tomadas algumas medidas uniformizadoras da religião, como a natureza dual de Jesus, isto é, o fato de ele ser considerado humano e divino ao mesmo tempo. "Naquela época, o Império Romano estava se esfacelando no Ocidente e a medida foi vista como uma tentativa de manter a coesão política", explica Miklos. Neste sentido, o cristianismo que prevaleceu foi o da fé e não o do conhecimento, como o que defendiam outros ramos, como o dos gnósticos.

O palestrante com a coordenadora do
Núcleo Granja Viana (SP), Monica Martinez
Se para o cristianismo Deus está a serviço dos seres humanos, para o Islamismo é o homem que deve servir a Deus. "É preciso lembrar que, apesar da escalada islâmica no mundo atual, nem todo muçulmano é árabe", esclarece Miklos. "Aliás, hoje a maior parte do mundo muçulmano está em outros países, como Paquistão e Irã", conta.





Solange do Nascimento, que veio de Manaus
para o evento, e parte da delegação dos alunos
do curso de História da FG, de Guarulhos, SP. 
Com a queda do Império Romano no Ocidente e o ataque dos hunos no norte da Europa, os povos germanos -- popularizados como os bárbaros -- começam a conquistar o continente europeu. "O interessante é que, aos poucos, eles acabaram se convertendo ao cristianismo", diz Miklos. Contudo, ele ressalta um autor citado por Campbell, o historiador alemão Oswald Spengler (1880-1936), que contribui com o conceito de pseudomorfose. Emprestado da mineralogia, ele quer dizer que em alguns fenômenos culturais há alteração na aparência, mas não na essência. Desta forma, o contato entre duas perspectivas religiosas resultaria na modificação apenas aparente, superficial, dos conteúdos culturais.

A fotógrafa oficial do dia: Amanda de Paula
Para o pesquisador de ciências da religião, o principal desafio atual da humanidade é o de aprender a lidar com a diversidade, reconhecendo nela um valor e não uma ameaça. "Uma única narrativa, uma única história, não dá mais conta de explicar o mundo", conclui.

Este foi o último encontro de 2013 do Núcleo Granja Viana (SP) da Fundação Joseph Campbell. Desejamos boas festas e um feliz 2014 para todos, repleto de bliss, lembrando que retomaremos as atividades no dia 8 de fevereiro de 2014, quando iniciaremos os estudos sobre o livro As Máscaras de Deus, Mitologia Oriental (Palas Athena).

O minivídeo sobre o encontro já está disponível. Para vê-lo, clique aqui ou acesse diretamente o link http://youtu.be/oajRKO4RE-E.

Por Monica Martinez
Coordenadora do Núcleo Granja Viana (SP) da Fundação Joseph Campbell




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