O historiador Jorge Miklos |
“Nossas gavetas mentais de Ocidente e Oriente não funcionam
para ler este texto”, disse o historiador Jorge Miklos na palestra que proferiu
no dia 10 de agosto durante o Encontro de Inverno, a terceira Roundtable de
2013 do Núcleo Granja Viana-SP da Fundação Joseph Campbell. Nesta reunião, discutimos a parte III do livro As Máscaras de Deus --
Mitologia Ocidental (Editora Palas Athena).
“É que este texto, que abrange mil anos de história – do
período persa de 539 a.C a 331 a.C. à ascensão e queda do império romano, em 476 d. C. –, relata os trânsitos e os encontros das civilizações indo-europeia e
semitas”, explica o vice-presidente da Comissão de História do Instituto
Pan-Americano de Geografia e História (IPGH), da Organização dos Estados
Americanos (OEA), no Brasil.
Num primeiro momento, o da expansão do império persa, nem Dário
I, o grande (550 a.C. — 486 a.C., derrotado em Maratona em 490
a.C.), ou, dez anos depois seu filho Xerxes I (519 a.C. — ca. 465 a.C.), vencido
na batalha de Salamina, conseguiriam dominar a Grécia.
Já durante os períodos do helenismo (331 a.C. a 323 d.C.) houve
o que Campbell chamou de “casamento do Oriente com o Ocidente”, no sentido de
ter havido uma forte expansão da cultura grega para o mundo oriental. “A
verdade é que somos mais orientais do que supomos”, diz Miklos, que é doutor em
Comunicação e Semiótica e mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP.
Os 23 participantes do Encontro de Inverno de 2013 |
Um aspecto importante deste período de mil anos, na
perspectiva das tradições indo-europeias, é a tendência ao sincretismo religioso, tendo
havido em geral mais tolerância por parte dos povos invasores com relação aos
deuses cultuados localmente do que a imposição de seus próprios panteões de
deidades.
Neste sentido, a ênfase no monoteísmo seria uma tradição mais ligada
aos povos semitas, até que o Constantino (2872 d.C. – 337 d.C), imperador do Império Romano do Oriente, adotasse o cristianismo
como religião oficial.
Lu Oliveira, a fotógrafa deste encontro |
Outro aspecto destacado por Miklos é a nova visão do profeta
Zoroastro, que teria vivido entre 1.000 a.C ou 500 a.C., que daria origem ao
dualismo ético, no qual o mito da criação passa a ser explicado pela origem,
seguida da queda – quando a escuridão e falsidade penetram no mundo – e posterior redenção. Isto porque nesta tradição mitológica duas forças contrárias – Ahura Mazda,
da luz, e Angra Mainyu, das trevas – forjam e sustentam o mundo. Na visão de
Zoroastro, essa divisão, que influenciou o judaísmo, o islamismo, o
cristianismo e ainda influencia fortemente as crenças contemporâneas, tem um
final feliz com a vitória de Mazda. Diferentemente das religiões de origem
semita, não é o ser humano que desencadeia esta queda, não havendo, portanto
uma culpa a ser carregada – e redimida.
Para acessar o habitual vídeo-resumo da palestra, clique aqui.
Por Monica Martinez
Coordenadora da JCF Mythological Roundtable® Núcleo da Granja Viana-SP (Brasil)*
http://fundacaojosephcampbell.blogspot.com
www.facebook.com/monicamartinezbr
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